Livros | ESPELHOS DE MIM

Hoje trago-vos um post que poderia ser muito normal mas este tem algo de especial e já vão perceber porquê.

Apresento-vos um livro de poesia, talvez o primeiro e único livro de poesia que li na íntegra até ao momento. É um livro escrito por uma senhora e contêm uma grande participação de um dos seus filhos que por acaso é um grande amigo meu (já perceberam porque é um post especial?).

A interpretação que eu fiz deste livro é que conta muito bem a história de vida de alguém e com a qual nos podemos identificar em vários poemas. Todos nós sofremos e somos felizes em vários momentos das nossas vidas e acho que são coisas que estão muito bem ditas nos poemas da Paula Mendes.

Eu separei dois poemas de cada autor deste livro para partilhar com vocês, espero que gostem e que fiquem com vontade de ler mais. 

Poemas de Paula Mendes

«Meu confessionário

peguei no papel

apeteceu-me escrever

talvez seja a vontade de falar com alguém

que me põe a caneta na mão.

Tenho vontade de te ver!

Mas o mundo gira ao contrário

nem sempre a vontade supera a distância

mas sempre a razão supera a ilusão.

Vai-se tendo aos poucos momentos de paz

que nos fazem superar todos os outros

que nos magoam, nos entristecem,

momentos de tédio

que são quebrados com um simples sopro ao ouvido.

A realidade é bem diferente do que se deseja

mas temos direito e o dever de sonhar

para que a vida seja mais doce,

não é por acaso que se diz

que os poetas são eternos sonhadores.

Esboço pensamentos para aliviar a alma,

a folha e a caneta são meus confidentes

só elas me compreendem

me ouvem sem criticar.

Da caneta faço minhas palavras

da folha em branco

o meu confessionário!!!»

«O meu mar

A cada nascer o dia

a cada nascer do sol

meu pensamento voa

à procura de um farol,

procuro um ninho que nunca existiu

o vento forte, o sonho da paixão

o deslumbramento faz perder a razão.

As asas feridas teimam em não sarar

já não podem voar.

Nas ondas do mar eu vi teus cabelos

na areia da praia vi teu sorriso,

uma estrela do mar trouxe teu encanto

só tu me podes dar o que preciso

tocas-me nos pés docemente

tua maresia perfuma meu ser

quero estar contigo noite e dia

ver o pôr do sol

ver o amanhecer.

És vida, sonho e realidade

enlouqueces-me de paixão

quando te sinto tão perto,

fico confusa...

tudo isto pode ser uma ilusão.» 

A última parte do livro é composta por poemas do Stéphane Mendes, sobre quem eu poderia ter muito a dizer. Acho que é uma pessoa cheia de energia que nunca mais acaba, um amigo como há poucos e alguém que aproveita a vida ao máximo, acho que com tanta energia eu nunca ia dizer que ele escrevesse tão bem.

«Tempo 

(parte I)

O tempo já escurece, já se vê a primeira estrela

a lua dá sinais de vida, espera-se uma noite bela.

 O corpo marca presença, quando a mente já não o faz

anseio por respostas, que só mesmo o tempo traz

que só mesmo o tempo leva.

As mesmas que vão e vêm mesmo qu'eu não as perceba

vejo tudo reflectido, o que podia ou devia ter feito,

é que nem sempre vi a metade do copo meio cheio

a verdade é que nem sei o que aconteceria ao certo

apenas vejo que só tenho o passado como certo,

o mesmo que me prende com amarras, não me larga

em que até as estrelas me deixam sem palavras.

Espalhando um abraço um sorriso inexistente 

e fico preso na viagem dessa cadente,

que me solta uma gota salgada num caderno sem linhas

onde escrevo com uma caneta sem tinta

porque o vazio me fala tanto como o silêncio.

Mas nem lamento se me lembra um "amor antigo"

"letras rasgadas" me dizem que fui e "quem sou"

"nove horas e meia" numa "viagem" que nunca me cansou

na procura de uma "aventura" que faça algum sentido,

porque nada faz sentido

sem ti do meu lado pra caminhar na "estrada da vida"

Sonhar sim e soltar-me na tua linha

mergulhar na tua essência recordar e prever.»

«Mãe

Dá-me um abraço, um ombro, um aconchego,

és a complexidade de um livro

escondido com uma capa de rosto,

não me fales dessa distância maldita que nos separa,

sabes que a sinto,

numa frase, num gesto ou num esboço que pinto,

recordo sentimentos nas nuvens

para te as enviar com o vento,

embrulhar a lua num papel

para que a aprecies numa noite ao relento.

Pinta as estrelas...

Pinta-as em tom esverdeado com o teu simples olhar,

guarda a saudade...

A saudade para mais tarde a matar.

acorda-me pela manhã... ralha, grita, chora, ri!

Todos me dizem...

Todos me dizem que tenho um pouco de ti,

não pouco mas muito

és metade de mim e esta distância...

Vou prender-te com uma corda e puxar-te para mim,

por muito que tentem sei que te vais manter igual,

a mesma!

O teu único defeito é não seres eterna

mas só a melhor mãe do mundo!!!

Amo-te!!!»

Este livro foi lançado em 2014 e se quiserem adquirir algum exemplar podem entrar em contacto comigo através do formulário de contacto que está no blog pois o livro não está à venda nas livrarias mas eu acho que é uma pena pois é um livro bem interessante, e que muita gente deveria ler.

Espero que tenham gostado e que fiquem com vontade de ler mais.

Beijinhos*